Foto: Thays Ceretta (Diário)
O principal tema abordado por o planejamento e a capacitação dos profissionais para atuar em desastres
Pelo dicionário um dos significados da palavra evento é: acontecimento imprevisto, eventualidade. Já o desastre é algo que causa um sofrimento excessivo, desgraça, fatalidade, catástrofe. Assim como esses, outros conceitos também foram tratados durante o 4º Seminário em Psicologia nos Desastres que ocorreu hoje em Santa Maria promovido pela Cruz Vermelha.
Palestrantes da cidade e de fora falaram sobre assuntos ligados a atuação dos profissionais durante situações de risco. Nem todos os eventos podem ser evitados, mas os impacto podem ser minimizados com planejamento adequado. Os fenômenos podem causar transtornos psicológicos que devem ser tratados por especialistas. Dos efeitos mais ruins e, talvez, mais difíceis de se quantificar, são os impactos sobre a saúde mental tanto de vítimas como de profissionais que trabalham durante o fato.
Este foi o principal tema abordado: Psicologia nos Desastres, Apoio Psicossocial e Trabalho em Equipe Multidisciplinar. A psicóloga e voluntária da Cruz Vermelha Melissa Haigert Couto explica que o papel da psicologia é fazer uma gestão do apoio psicológico que será prestado conforme a demanda necessária e quais serão as práticas e estratégias utilizadas dependendo de cada situação e cada cenário
_ Existem duas vertentes, de poder fazer a gestão de organizar as equipes e os atendimentos em si. A gente está tentando conscientizar todos os profissionais que atuam em emergências e desastres que esse primeiro auxílio pode ser prestado por qualquer profissional que seja qualificado e capacitado não somente por psicólogos e psiquiatras o apoio psicossocial em primeira instância ele é um atendimento concentrado em duas situações iniciais, que chamam acolhimento e apoio_ ressalta a psicóloga.
Homem morre em acidente em Rosário do Sul
PESQUISA
Dados mundiais comparam nove anos (de 2005 a 2014) com o ano de 2015. Percebeu-se que o número de eventos é similar, isso quer dizer, segundo os profissionais que o cenário está mais frequente e mais intenso e é por isso que quem atua em casos de enchente, vendaval, incêndio, inundação, seca, terremotos, entre outros, precisa estar capacitado para saber agir da melhor forma tanto com as vítimas como quem de alguma forma foi atingido. A venezuelana professora e doutora em sensoriamento remoto Silvia Pardi Lacruz, explica que o evento natural se torna desastre quando afeta o homem e o crescimento de eventos sem nenhum planejamento faz com que mais eventos aconteçam.
Cerca de 50 profissionais de Rio Grande, Farroupilha, São Pedro do Sul, Porto Alegre, Marau, e Santa Maria participaram do seminário. Mas, segundo a organização a surpresa foi que a maioria era de fora da cidade da maior tragédia gaúcha. O incêndio na Boate Kiss foi lembrado.
_ No caso da Kiss, os profissionais estavam preparado, treinados e capacitados há anos, a gente sabia o que precisava fazer, mas tudo tem que ser adaptado. Tínhamos uma equipe que entendia a mesma linguagem, que tinha a mesma capacitação, que estava treinada, que sabia entender o que estava acontecendo e sabia responder uma voz de comando, e principalmente tinha um trabalho direto com a defesa civil. A gente não fala que estamos preparados, mas sim capacitados, por mais que a gente espere e imagine, ela nunca sabemos como vai ser, mas sim como atuar_ sinaliza Melissa.
O diretor do departamento de socorro e gestão de risco da Cruz Vermelha de Santa Maria, Ronimar Costa dos Santos, ficou triste pela pouca adesão dos profissionais da cidade.
_ Existe um esforço muito grande da organização e dos profissionais para levar o conhecimento, para que as pessoas estejam mais capacitadas, para fazer prevenção, nos parece que Santa Maria continua sendo uma cultura reativa que ainda não aprendeu com a dor e o trauma que teve e não entende que não está capacitada para viver isso de novo, não é porque aconteceu uma vez que não vai acontecer mais_ pondera Roni.